Mídias sociais e a nostalgia

Acredito que vocês já tenham percebido essa onda retrô de produtos antigos sendo relançados no mercado. Ferrorama, Mirabel, chocolate Lollo, relançamento de camisas de futebol antigas e tantos outros exemplos recentes mostram que a evocação ao passado ainda é uma tática recorrente para sucesso de vendas. O Scup fez um ótimo post sobre o assunto.

Entretanto, o clima de nostalgia está além de relançamento de produtos. Olhe na sua timeline: dificilmente não aparecem evocações de personagens clássicos (Chapolin, He-Man, Cumpadre Washington, etc.) ou de situações (brincadeiras infantis, menções à internet discada, processadores de computadores antigos, etc.). Mas não é só isso: houve outra pequena mudança na forma como o Facebook está sendo usado para esse propósito.

Voltemos para o Orkut: a grande vantagem dele eram(são) as comunidades. A organização e a estrutura favoreciam muito uma interação estilo fórum, aonde os posts mais recentes eram deixados no final, os tópicos mais novos ficavam em destaque, etc. Acho que o grande uso da comunidade era juntar pessoas de mesmo interesse para trocarem opiniões e, principalmente, links.

No Facebook, o recursos semelhante são os grupos. A estrutura não favorece um formato fórum, mas estimula a diversidade de conteúdo e a participação dos usuários. Me parece que o formato é mais convidativo para uma pessoa postar e interagir do que as comunidades. Além disso, um recurso interessante nos grupos é a facilidade de você ver quem são os membros. Na parte de cima, você vê os últimos membros a interagirem com algum conteúdo.

Para mim, existe uma diferença de usabilidade entre os dois formatos: a comunidade facilita a produção de conteúdo e a troca de informações. O grupo facilita a interação entre os membros. E, por conta disso,  ultimamente eu tenho visto que os grupos do Facebook, além de serem criados mais por “fatores sociais offline” (exemplo: cria-se mais grupos sobre eventos, cursos, congressos, etc do que grupos genéricos de discussão), são criados para reunir pessoas que fizeram parte do passado. Exemplo: eu vejo muitos relatos de pessoas que foram adicionadas em grupos nostálgicos: turma do colégio, turma da faculdade, galera do futebol das antigas, companheiros de trabalho, etc. E tudo para que as pessoas saibam o que cada uma está fazendo da vida, mas, principalmente, para relembrar fatos da época, momentos engraçados e momentos memoráveis. Já até presenciei viagens combinadas graças a “reunião” de pessoas formadas nesses grupos.

O que eu acho mais curioso nesse fato é como uma plataforma social (Facebook) conseguiu despertar esse propósito de uso, articulando pessoas separadas pelo tempo e as unindo dentro de um espaço virtual, para que possam interagir novamente e, para alguns casos, se reunirem novamente no offline. Além disso, como a dinâmica da rede possibilita também relembrar esses produtos/fatos antigos e atrair novamente o engajamento para eles, reciclando suas percepções e apropriações.

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