Uma divergência entre o meio e o pensamento.
Hoje em dia, após ter uma certa vivência em comunicação, percebo que um roteiro ou uma redação claros e precisos são diferenciais no âmbito profissional e em nossa área de atuação.
Há um certo tempo, vi uma reportagem (não lembro a fonte, mas creio que era um site sobre mercado de audiovisual) que a profissão de roteirista era a mais bem paga no mercado, sendo a média de salário quase 3 vezes maior do que o segundo colocado, a de produtor. Pensei com meus botões: “hmm, deve ser porque o roteirista precisa de mais cabeça e criatividade para criar o conteúdo, por isso ele é tão valorizado”. Mas hoje, percebo que toda área de comunicação precisa de inovação e criatividade, independente de sua função. Se não, não haveria Oscar de Melhor Som, Melhor Fotografia, etc, áreas que teoricamente são de extrema técnica.
Excelência técnica qualquer bom profissional formado consegue ter. O diferencial é usar essa excelência para criar algo novo, ou dar sentido para alguma coisa. Por isso que essas premiações, não só no Oscar, mas em todas as áreas da comunicação (desde design e jornalismo até publicidade) não são apenas prêmios para melhor técnica.
Mas assim, com isso em mente, pensei: “Mas se em toda área exige inovação e criatividade, por que o roteirista é tão valorizado?”. Hoje eu sei a resposta. Um excelente roteirista, além de ser criativo e inovador, sabe transmitir o que criou para o papel. Simples, ele consegue fazer com que qualquer um consiga entender o que ele criou, lendo seu roteiro. E isso não é coisa fácil de se conseguir. Sei disso vivendo na pele o problema.
Eu pensava: tenho tantas idéias que dariam um roteiro legal. O problema é que, quando passo para o papel, quase ninguém vê o que eu quero que vejam. E o problema se agrava quando você não tem tanta familiaridade com o meio que está lidando.
Resumindo: expressar-se através de uma redação ou de um roteiro é uma coisa muito complexa. Mas acredito que a força da expressão não é algo que dependa exclusivamente de talento (ao contrário de tantas outras coisas). Acho que o primeiro passo é conhecer bem os meios de comunicação. Sabendo suas nuanças, suas características, suas possibilidades e usos, já é um bom indicador e referência para escrever algo. Depois, aprender a descrever e utilizar a linguagem desses meios é o grande desafio, em que os que conseguem são recompensados.
Assim, hoje eu prefiro algo bem escrito e claro com uma idéia razoável a algo mal escrito e escuro com uma idéia genial.
www.atlasmedialab.com
Opa. Belo post. Eu sou roteirista e confirmo. Passar a idéia para o papel é foda cara. Muito foda. Não é toda vez que a gente consegue. Mas tem vez que dá. Nas que não dá, a gente acompanha na produção não é? =)
Tem algumas coisas que eu fiz no meu portfolio, na parte de filmes e na parte de spots. Se quiser ver:
http://netomacedo.carbonmade.com