A mídia feita de laptops com wireless
Eu sei que a discussão do momento é a onda de criação de modelos de lucratividade na Web. O meu amigo Capivara, dono do blog Mera Falácia, recomendou a leitura de um artigo muito interessante sobre a nova forma do Youtube para atender seus patrocinadores e que, realmente, alimentará a discussão. Mas nesse post eu quero deixar registrado uma experiência agradável sobre o uso da Web nas mídias tradicionais (= não gosto muito desse termo, mas utilizo sob forma simplória).
Agrada-me, e muito, algumas utilizações (= podemos dizer convergências) que as mídias do século XX fazem para aliar a Web às suas audiências. Eu estava escutando a transmissão na CBN do jogo entre São Paulo e Corinthians e uma coisa muito interessante e legal foi a abertura de um chat no site. Pode parecer simples demais, mas esse simples me passou uma sensação muito agradável. Ao contrário do tradicional “mande-nos um email com sua pergunta”, o espectador entra numa sala de chat e posta sua pergunta. Os próprios apresentadores, dependendo da pergunta, respondem no chat. Além de perguntas, sugestões e comentários são bem vindos. Lógico que tem todo um risco de entrar pessoas “indesejáveis”, mas é uma forma tão interativa e prática de integrar sua audiência com a transmissão que eu fiquei impressionado.
No mesmo caso, eu cito o uso que o canal de televisão aberta Cultura e o Ministério da Cultura fazem do Twitter. O MinC sempre mantém seu perfil ativo, com novidades sobre editais, eventos culturais e todo tipo de notícia para os interessados na parte cultural do governo. Além disso, o perfil está aberto para receber sugestões, críticas e comentários. Sem falar que eles fazem um bom rastreamento de conteúdo sobre o perfil na twittesfera, pois certa vez eu reclamei da postagem exagerada sobre a Lei Rouanet e responderam de imediato para mim, com uma linguagem clara e popular. O mesmo vale para os programas da TV Cultura. Os principais programas possuem um twitter que posta o tema/assunto do programa. Eu acompanho o Roda Viva e nunca me deixou na mão.
Outro interessante caso é a valorização da Rede Globo com a Web. Dentre os canais de televisão aberta, talvez seja o canal que mais utiliza seu portal para divulgação de conteúdo e, ao mesmo tempo, não o deixando dependente da televisão. O portal é completo, com notícias atualizadas a cada minuto, muita variedade de canais de informação e recheado de conteúdo multimídia, como podcasts e vídeos. Lógico que por ser uma fundação (=conglomerado), o portal deva representar, e bem, o poder desse grupo. Mas não tiremos os méritos, em termos de comunicação, que esse portal possui.
E agora, um dos últimos acontecimentos do momento: a abertura de API da principal agência de notícias do mundo, a Reuters. Agora, qualquer agregador de notícias da Web pode linkar e utilizar as notícias vindas dessa agência. Além disso, vários jornais em todo mundo abriram seus API’s da mesma forma. Um grande passo para a democratização da informação, porém uma mudança de visão, talvez paradigma, do modelo de negócio para o jornalismo online. Mas é uma interessante integração entre mídia impressa e Web.
Esses exemplos são os que lembrei de imediato. Há muitos outros que não conheço ou não tenha lembrado. O que me deixa muito feliz é a forma como a Web tem influenciado as mídias tradicionais. Como defende McLuhan, a criação de um novo meio não extingue o outro, pois cada um tem especificidades que influenciam na própria mensagem. Assim, eles se readaptam para a nova fase. Assim sendo, as culturas tão presentes na Web, como o “instantâneo” e o “acesso”, parecem ter atingido de cheio e modificado paradigmas.
www.atlasmedialab.com
dois dos meus exemplos favoritos:
* Roda Viva: o programa não é só o tweet. no http://www2.tvcultura.com.br/rodaviva/ você assiste à gravação, aos bastidores, ao caruso fazendo as charges (tudo em telas paralelas), tem opção só áudio (pra quem tem conexão lenta), twitter stream (pra comentários da twitter-sfera) e um live-commenter (quase um chat, mas menos dinâmico), muito bem mediado (o mediador dá links de primeira, responde várias questões e ainda faz enquetes em que os espectadores votam pra ver qual será levada ao entrevistado). e no fim do programa, twiteiros convidados, que estão lá no local, são entrevistados, logo depois das perguntas do livecomment que ficaram de fora serem levadas ao entrevistado para ele responder, na câmera de bastidores. mais respeito pelo espectador-participante, não vi. mas já espero melhoras: o markun fez um site para votar (com dedão pra cima e dedão pra baixo) nas performances dos convidados. e é muito legal o site que ele fez.
* NYTimes: em nota menor, o NYT abriu os arquivos e API-zou tudo. faz tempo, bem antes da Reuters.
* Associated Press: em nota negativa, a AP cobra por citações maiores que 5 palavras e quer processar a google por passar o link pra frente. e outras coisas toscas.