“Todos os filmes são estrangeiros”
Essa afirmação vem do título do artigo de Arlindo Machado para a revista Matrizes, edição 3, produzido pela Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da ECA – USP.
O sentido de estrangeiro tem uma conotação diferente do exótico. Exótico é um estranhamento positivo, quando você se interessa por algo por ele ser diferente do seu habitual. Estrangeiro é derivado direito do estranho e aqui a conotação tem um sentido negativo. Estrangeiro é algo desconhecido, que impõe medo justamente por sua imprevisibilidade.
Tomando esse conceito, Machado defende que a “estrangeirização” dos filmes vêm em duas ocasiões: na legendagem e principalmente, na dublagem.
A legendagem atua na estrangeirização do ato fílmico. O cinema é audiovisual. A experiência de ser envolvido pelas imagens e pelos sons é interrompido por uma concentração em seguir as legendas presentes na tela. Será que a experiência com e sem legendas é a mesma coisa?
A dublagem é a estrangeirização principal. É uma questão de desterritorialização da diegese fílmica. Como um filme, feito sob uma diegese indígena, as falas estão em inglês ou em português, como é nosso caso? Nesse ponto, vejo que Machado segue uma linha bem semelhante à defendida por André Bazin, em que o realismo fílmico deve ser seguido com o máximo rigor. Nesse caso, Machado defende um “cinema de sotaques”, ou seja, a plena autenticidade dos fatos lingüísticos e também sociais.
Machado, ao mesmo tempo que defende essa autenticidade bazaniana, também encontra dificuldades em estabelecer uma solução que não comprometa o entendimento fílmico pelo público globalizado. Uma das soluções apontadas por ele é incorporar esses “estrangeirismos” na linguagem fílmica, ou seja, transformar legendas e dublagens em elementos da própria diegese fílmica.
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Então Ishida, acredito que esta característica fique extremamente visível ao assistir filmes como "Play Time"; o ter ou não ter legenda caracteriza a importância do diálogo ao mesmo tempo em que permite entender diálogos que passariam desapercebidos.