Sobre Videos On Demand e McLuhan
Mais do que nunca, a famosa assertiva “o meio é a mensagem”, proferida por McLuhan nos idos dos anos 80, mostra-se viva. Curiosamente, esse post nasce de uma reportagem presente no caderno especial do periódico Meio & Mensagem, assinada por Sandra Regina da Silva. A afirmação de McLuhan, simplificando ao máximo sua complexibilidade, poderia ser compreendida como um convite para se pensar o meio, através do qual a mensagem é veiculada, como um indicador para a confecção da mesma, além de desenhar um entorno sócio-econômico mais ou menos específico para a recepção do conteúdo.
Entretanto, a principal pergunta atualmente é: há, de fato, uma demanda? Esta pode ser respondida pelo Portal Terra, um dos pioneiros na forma de se pensar o VOD, que viu no decorrer dos quase 10 anos de oferecimento desse material diverso um crescimento exponencial na procura. A virada na forma de atuar veio na compreensão de que, mais do que oferecer informações como um portal de conteúdo, seus produtos, como shows, debates, palestras, eventos e outros, são grandes royalties. Como diz Pedro Rolla, diretor de mídia do portal: “queremos estar onde nosso usuário está e acostumá-lo a novos modelos de consumo”.
O uso desse recurso cresce de maneira acentuada quanto mais jovem se torna o consumidor e, se pensarmos nas tão rotuladas gerações-alfabeto que surgem, quem melhor do que eles, ávidos consumidores de novas tecnologias, para sustentar a base que poderá ser a mais corriqueira situação do nosso dia-a-dia? Gerações mais novas estão demonstrando que querem conteúdo e estão dispostos a pagar por isso, seja na locação de um filme on demand através de um site, seja na compra e visualização no tempo que quiser de um documentário na TV por assinatura (vide a Sky, maior vendedora desse tipo de conteúdo na América Latina) ou no consumo de uma música em seus mais novos portáteis. Nisso, todos ganham, produtores (porque não pensar nas possibilidades da integração da PL116 com essas novas formas de consumo?) e consumidores (mais oferta de produtos e uma busca mais segmentada). No Brasil, ainda há de se se considerar o seu mercado ávido pelo consumo de novas mídias e redes sociais em geral: mais de 210 milhões de celulares em território nacional, como um potencial consumidor também de conteúdo.
Talvez seja também um caminho para a constante pirataria nos downloads de séries e programas: por que não oferecer o conteúdo que está caindo na rede de uma forma institucionalizada, podendo cobrar um valor simbólico pelo oferecimento de uma qualidade de imagens e sons que não prejudiquem os anseios artísticos e econômicos?
O modo de consumo, a necessidade crescente de pensar uma forma para o conteúdo on demand a ser produzido e as modificações em nosso cotidiano na forma com que nos relacionamos levam a convergência dos meios a um patamar altissimo e, ao meu ver, fazem com que McLuhan esteja mais vivo que nunca e, se vivo, com certeza estaria com seu portátil, consumindo um video on demand, enquanto se desloca de metrô por um grande centro urbano.
* post baseado na reportagem “A revolução do conteúdo chega à TV“, de Sandra Regina da Silva, presente no Caderno Especial TV por assinatura do Jornal Meio & Mensagem de 8 de Agosto de 2011.
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