Neurônios-espelho em mídias sociais

Minha atual leitura é o livro de Martin Lindstrom, chamado A Lógica do Consumo. Ele faz um levantamento das pesquisas sobre neuromarketing que ele realizou, visando entender como o branding e os esforços de propaganda podem influenciar nas decisões de consumo sob o ponto de vista de movimentações no cérebro. Há muitas descobertas interessantes no livro, mas o que mais me chamou a atenção é a questão sobre os neurônios-espelho.


Neurônios-espelho são neurônios que disparam tanto quando um animal realiza um determinado ato, como quando observa outro animal (normalmente da mesma espécie) a fazer o mesmo ato. Desta forma, os neurônios imitam o comportamento de outro animal como se estivesse ele próprio a realizar essa ação (fonte: Wikipedia)

Basicamente, se eu vejo uma pessoa tomar um sorvete, eu posso imaginar a situação para mim e isso ativa as mesmas áreas do cérebro que seriam ativadas se eu realmente tomasse um sorvete. O fato de você se imaginar no lugar ou despertar o desejo já é o suficiente para simular uma ação.
Fico pensando se isso não pode ser aplicado para as mídias sociais. Por exemplo, um fã de Lady Gaga vê no twitter dela que ela está bebendo uma Heineken porque está muito calor, será que os neurônios-espelho também atuariam e despertariam esse desejo nele? Às vezes não precisa nem ser fã: basta você ler alguém comentando sobre algum consumo que já é o suficiente para ativar esse efeito. Será que isso funciona não vendo a ação em si, mas sim apenas lendo um post, vendo um vídeo ou escutando o relato?
Dentro disso, imagino que a principal barreira é que o cérebro só consegue simular a ação-espelho se a pessoa já tiver experimentado a sensação (estou “chutando” que seja assim). Se for assim mesmo, a persuasão é maior ou menor para convencer alguém a consumir algum produto apenas divulgando nas mídias sociais por celebridades ou pessoas comuns? Digo, se eu nunca experimentei Schweppes e leio um post de alguém comentando que está bebendo isso para superar o calor, isso é tão convincente quanto eu já ter experimentado e, com isso, ter ativado meus neurônios-espelho? Aparentemente não é, mas então quais sensações despertam nas pessoas em relação aos produtos novos? Será apenas a curiosidade, a necessidade de pertencimento aos grupos (o efeito fax) e/ou o convencimento através da influência de pessoas populares? 
São tantas questões que acabam rodeando nas discussões sobre influência, viralização e fenômenos de massificação que eu descubro que ainda há MUITO para se discutir e refletir sobre tudo isso, o que me deixa bastante entusiasmado com as possíveis descobertas futuras.
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