Dicas para quem quer entrar no mercado de mídias sociais

De vez em quando aparecem e-mails e mensagens para mim perguntando “quero entrar no mercado de mídias sociais, o que devo fazer?“. Respondendo a todos, percebi que, apesar de cada situação ser específica, tem certas coisas que são comuns para a grande maioria dos casos e que, por experiência própria e ouvindo de outras pessoas, podem ser valiosas e diferenciais para quem quer ingressar nesse mercado. Mas, antes de tudo, a primeiríssima coisa que você deve providenciar é atualizar seu Linkedin. Se você não sabe o que é isso, vá se informar e criar um perfil lá. A esmagadora maioria dos processos de vagas em Social são feitas com base no CV do candidato no Linkedin. Depois de ter feito isso, comece a ler esse post.

1 – Seja apaixonado, não só como usuário, mas como uso profissional.

É aquela história: “ser analista de mídias sociais não é ficar o dia inteiro no Facebook”. Você tem que ser interessado e curioso sobre ações em Social Media, aqui e no mundo, e gostar de ficar atualizado sobre campanhas de marketing bacanas ou fracassadas, pois hoje em dia tudo acaba convergindo para as mídias sociais. Ou seja, estude, busque se informar, conhecer os principais cases de social media na história e acompanhar o trabalho de profissionais e blogs da área. Tudo isso não serve para você ser testado (“você conhece o case da Tecnisa nas redes sociais? Não? Ah, então está eliminado”) e sim para você ter bagagem de conhecimento para entender o que já funcionou, por que foi importante e o conceito por trás do case. Uma dica: se seus olhos não brilharem enquanto você pesquisa por tudo isso, se você fica com preguiça em ler artigos sobre tudo isso, melhor você repensar se realmente quer seguir na área.

2 – Especialize-se em algo, mas tenha uma noção básica de tudo.

Uma situação fictícia, mas que cabe muito bem a vida real: uma vaga em social media para produção de conteúdo e relacionamento e não exige experiência, mas é diferencial. Tem dois CVs: um tem experiência de dois anos fazendo um pouco de tudo e o outro não tem experiência profissional, mas fez cursos sobre redação publicitária e seu portifólio possui bastante trabalhos da faculdade ou freelas com criação de conteúdo. Está bem claro que o segundo CV é o mais atraente para a vaga, mesmo com a maior experiência do primeiro.
Com o mercado cada vez mais amadurecido, a tendência é que as funções em Social Media sejam especializadas e que formações focadas sejam mais valorizadas. Já vejo diversas vagas bem específicas e gente saindo de outras áreas dentro de mídia online ou offline para se aventurar nessas especialidades de social media. Exemplos reais: pessoas formadas em jornalismo se especializando em conteúdo para canais sociais, profissionais de criação se especializando em design e arte para mídias sociais e programadores especializados em APIs de mídias sociais para criação de aplicativos e desenvolvimento de programas. Entretanto, como todas as áreas se conversam e convergem, é necessário ter uma noção de tudo que envolva Social Media, assim como um profissional de planejamento deve ter uma noção de todas as áreas de uma agência de marketing. Ou seja, o trabalho de uma jornalista em social só será melhor se ela entender o que um programador de APIs pode produzir.
Minha dica aqui é: se foque em alguma das quatro áreas: produção de conteúdo, mídia, inteligência/pesquisa e relacionamento/atendimento (leia mais sobre essas áreas aqui) Em primeiro momento, a área de produção de conteúdo é a mais “acessível” para quem quer começar no mercado, mas é a que tem maior volume de concorrentes. Ou seja, é necessário entender como você pode se diferenciar dentro de cada área. Aí vamos para a dica 3.

3 – Tenha diferencial

Fazer mil cursos não é diferencial. Habilidades técnicas e teóricas são, mas só as que interessam para cada vaga. Como saber o que é diferencial ou não? Entendendo as funções da vaga. Mas antes disso, vou dizer por que fazer mil cursos não é diferencial. Não adianta nada você fazer todos os cursos do mundo se você não botou o conhecimento que adquiriu em prática. É muito fácil você fazer um curso, não ter absorvido nada, pegar o certificado e colocar no currículo. Ou seja, cursos só melhoram o currículo se você comprova que aplicou o que aprendeu.
Voltando, vou dar exemplos do que eu entenderia como diferencial em cada área, mas lembrando que isso são apenas uma parte ou opiniões minhas:
Produção de conteúdo: português impecável e entender a dinâmica das redes sociais são fundamentais. Mas habilidades como edição de vídeo para web, fazer vinhetas, tratar áudio para podcasts, ilustração e familiaridade com Photoshop podem ser diferenciais, já que estão dentro de produção de conteúdo.
Mídia: saber fazer anúncio no Facebook e outros canais sociais é pré-requisito. Mas conhecer táticas de publicidade gratuita nas mídias sociais, habilidade em Google Adwords e ter noções de ilustração e tratamento de imagens podem ser diferenciais. Saber que ações atraem mais usuários e quais tipos mais promovem a marca sem gastar dinheiro exige muito da dica 1, ou seja, ler bastante e acompanhar o mercado. Ter uma noção prática de Google Adwords é diferencial porque a dinâmica de anúncios no Facebook é muito semelhante e as duas coisas são complementares. E, por fim, saber noções de ilustração e tratamento de imagem serve para produzir imagens para anúncios, sem depender de alguém da criação ou design.
Inteligência/pesquisa: gostar de números e ter raciocínio lógico são essenciais. Mas ter uma boa afinidade com o lado acadêmico (ou seja, ter feito iniciação científica ou produziu/produz artigos relacionados a mídias sociais ou não) é um diferencial, pois essa área exige muito estudo e pesquisa. Se a pessoa fez pesquisas sobre redes sociais durante a faculdade, ela está bem à frente dos concorrentes.
Relacionamento/atendimento: ter paciência, entender como funcionam as principais mídias sociais e gostar de conversar com pessoas são fundamentais. Mas conhecer ferramentas de atendimento 2.0, conhecer o processo padrão de atendimento e ter um conhecimento cultural abrangente são diferenciais. Os dois primeiros são importantes porque facilita a adaptação, já que nessa área é necessário um treinamento rígido inicial. Mas conhecimento cultural é mais importante, pois você vai lidar com diversas pessoas de diferentes localidades e sobre diferentes assuntos. Nisso, entender características regionais da cultura e sociedade para atender de forma harmoniosa o público fazem toda diferença, como por exemplo, compreender diferenças regionais de linguagem.
Perceba que certas coisas você aprende fazendo cursos específicos ou por si mesmo. Outras você constrói pouco a pouco. Nesse último caso, é importante entender que não se deve perder as oportunidades de crescimento pessoal e profissional, não se acomodar, não ficar parado. Nisso, entramos na dica 4.

4 – Não fique parado. Monte um portfólio, se envolva em projetos, sociais ou não.

Primeiro, vou explicar o que seria um portfólio de social media. São todos os projetos e ações relevantes que você se envolveu de alguma forma. Coisas que podem ser consideradas portfólio:
– Escrever um artigo sobre mídias sociais para um e-book colaborativo.
– Trabalhar no planejamento de uma promoção em uma fan page e que foi sucesso e atingiu as expectativas.
– Ajudar a criar e manter os canais sociais de uma marca ou organização.
– Produção de vídeos e material para o formato adequado em mídias sociais.
– Fazer análises para melhorar o desempenho dos canais sociais de uma organização.
– Fazer pesquisas e material acadêmico sobre mídias sociais.
Mas eu nunca trabalhei. Como posso ter um portfólio?“. Criando um. Por exemplo: sempre tem projetos ou pequenas empresas que aceitariam ajuda para criar uma estratégia em social media. Ou, melhor ainda, ONGs e organizações sociais que estão precisando de toda ajuda possível. Com exceção das causas sociais, não estou dizendo para você fazer tudo de graça, mas sim ser uma troca: você diz para a empresa que você está começando na área e está atrás de montar portfólio, mas que não tem experiência e gostaria de trabalhar num projeto com eles em troca de não-remuneração para poder aprender durante o processo e botar tudo que aprendeu em prática (aqui entra o sentido de se fazer cursos). Deixando claro tudo isso, combinando um escopo (o que você vai oferecer) e estabelecendo um período de trabalho, vai fundo e aproveite a chance. Muito provavelmente você conheça projetos que possam precisar de ajuda nesse ponto (desde aquele trabalho de conclusão da faculdade de seus amigos e conhecidos até projetos de startups ou pequenos negócios de seus contatos) e aí você deve partir de você ir atrás e se oferecer. Mas eu acho que seria mais bacana se fosse para projetos sociais, já que você estaria aprendendo e, ao mesmo tempo, ajudando o mundo a ser um lugar melhor.

Espero que esses quatro pontos possam te ajudar a entrar no mercado, mas lembre-se: proatividade sempre. Sempre faça projetos pessoais, se envolva em novos projetos, mesmo quando estiver empregado. E se precisar de ajuda, pode me mandar mensagem via meu Linkedin.

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www.atlasmedialab.com
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